É sempre lamentável que projetos que visam preservar a cultura e a diversidade étnica e cultural de nosso povo, tenha impedimentos das mais variadas naturezas: falta de estímulo e falta de verbas.
Parece-me oportuno diante dos sucessivos quadros de repetição dos mesmos impedimentos e de tantos outros sublineares que se engendram em surdina e que os menos avisados, muitas vezes apoiam, uma reflexão que nos oferece Bertolt BRECHT,
Se os tubarões fossem homens
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais
gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam
construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo
de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem
sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias.
Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas.
Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles
aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar os grandes tubarões
deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria, naturalmente, a
formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o ato mais grandioso e
mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam
acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua
felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido
se aprendessem a obediência.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns
peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e
receberia o título de herói.
BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São
Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado
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