domingo, 1 de maio de 2016


É sempre lamentável que projetos que visam preservar a cultura e a diversidade étnica e cultural   de nosso povo, tenha impedimentos das mais variadas naturezas: falta de estímulo e falta de verbas.
Parece-me oportuno diante dos sucessivos quadros de repetição dos mesmos impedimentos e de tantos outros sublineares que se engendram em surdina e que os menos avisados, muitas vezes apoiam, uma reflexão que nos oferece Bertolt  BRECHT, 

Se os tubarões fossem homens
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias.
Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar os grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e receberia o título de herói.
BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado

Nenhum comentário:

Postar um comentário